No último domingo, 7 de setembro, aconteceu o Grande Prêmio de Monza, onde a equipe líder do campeonato mundial cometeu mais um erro que prejudicou seus pilotos publicamente.
Em uma rara mudança de cenário na temporada 2025, a McLaren não foi o carro mais dominante no Circuito de Monza, principalmente porque seu desempenho não é o melhor em pistas de longas retas. Ainda assim, a dupla da equipe largou em segundo e terceiro lugares e manteve essas posições durante quase toda a corrida, apesar das disputas entre Lando Norris e Max Verstappen, e Oscar Piastri e Charles Leclerc.
Ao longo da prova, Norris abriu uma vantagem de seis segundos sobre seu companheiro de equipe, Piastri, e conseguiu manter essa diferença até o momento do pit stop, quando tudo começou a desandar para ambos os pilotos.
Os pneus médios, que a Pirelli havia programado para durarem até a volta 28 no máximo, resistiram até a volta 40 (e em alguns casos até mais). A equipe papaya optou por manter seus dois pilotos na pista o maior tempo possível para realizar apenas uma parada, colocando pneus macios no fim. A ideia era aproveitar o aquecimento rápido e a maior aderência dos compostos, o que garantiria mais velocidade. A McLaren apostava na consistência de desempenho da dupla e também na possibilidade de um safety car, que poderia facilitar a corrida e até abrir caminho para uma vitória.
Mas a estratégia acabou se voltando contra a McLaren quando Leclerc foi chamado para o box pela Ferrari antes de Piastri. O monegasco estava em quarto lugar, e como o tempo médio perdido no pit lane, entre entrada, troca de pneus e saída, gira em torno de 20 segundos, com pneus novos já aquecidos as chances de Leclerc realizar um undercut e tirar o pódio de Piastri eram altas. Para se prevenir, a McLaren inverteu a ordem dos pits.
A equipe britânica segue uma regra clara: a preferência de pit stop é sempre do piloto que está à frente. Neste caso, Norris liderava em relação a Piastri e, portanto, deveria ter sido chamado primeiro ao box. No entanto, diante da ameaça real de Leclerc, a McLaren concluiu que seria melhor antecipar a parada de Piastri, garantindo, em teoria, que as posições não seriam alteradas na pista.
William Joseph, engenheiro de Norris, havia avisado sobre a parada de Leclerc, mas ressaltou que isso não mudaria a estratégia em andamento. E então, surgiu a seguinte situação:
WJ: Lando, o gap para Verstappen agora é de 11.1. Vamos para o box nesta volta para colocar pneus macios.
LN: Vocês não iam mandar o outro carro primeiro para o box?
WJ: Sim, vamos fazer isso. Vamos inverter a ordem, então continue na pista.
LN: Ok, mas só se ele [Piastri] não fizer o undercut. Se fizer, eu vou para o box primeiro.
WJ: Não haverá undercut. Confirmando: vamos continuar em pista.
LN: Ok, confirmado.
Na volta seguinte, Norris foi finalmente chamado para o box, mas a equipe executou uma troca de pneus desastrosa e extremamente lenta, com o carro parado por 5,9 segundos. Ao sair do pit lane, aconteceu justamente o que ele havia alertado e pedido para evitar: o undercut que o tirou da segunda posição, lugar em que permanecera durante toda a corrida.
Para tentar compensar o erro e cumprir a promessa feita a Norris, a McLaren ordenou a inversão de posições entre ele e Piastri, restabelecendo a ordem original antes da parada nos boxes. No entanto, Norris não solicitou a troca: ele permaneceu em silêncio no rádio após sair do pit lane. Mesmo quando seu engenheiro informou que a equipe devolveria a posição, o britânico se manteve calado até o fim da corrida.
Deixando o clima ainda mais constrangedor para ambos os pilotos, Tom Stellar, engenheiro de Piastri, trouxe à tona outra situação em que houve troca de posições na McLaren: o GP da Hungria de 2024. Na ocasião, um erro do pessoal do pit wall fez Norris ganhar tempo no box e retornar à frente de Piastri, abrindo oito segundos de vantagem. Mesmo assim, a equipe ordenou que Norris cedesse a posição, abrindo mão da vitória para que Piastri cruzasse a linha de chegada em primeiro.
TS: Oscar, isso é como na Hungria no ano passado. Nós mandamos vocês para o box nessa ordem por razões de equipe. Por favor, deixe o Lando passar e depois vocês estarão livres para correr.
OP: Assim… a gente sempre disse que um pit stop lento faz parte da corrida. Eu não entendo o que mudou aqui. Mas, se vocês realmente querem isso, então eu vou fazer.
TS: Vamos seguir a estratégia sete. Sugiro que o deixe passar na curva 1. Deixe-o passar na curva 1. É igual à Hungria no ano passado. Eu sei que é doloroso, mas ainda faltam cinco voltas.
TS: Obrigado, Oscar. Você está livre para correr. Tranquilo, mantenha a cabeça fria, cara.
William Joseph também deu a mesma instrução a Norris, informando que ele estava livre para correr. Com as posições restabelecidas, restavam cinco voltas para os dois pilotos disputarem o segundo lugar. Mesmo dentro da zona de DRS de Norris, Piastri não conseguiu concretizar a ultrapassagem, e o britânico acabou abrindo 1,5 segundo de vantagem. Assim, a corrida terminou exatamente na mesma ordem em que havia começado.
O público fez duras críticas em relação à situação, não contra a McLaren, responsável pelo erro que criou todo o cenário, mas sim contra os pilotos. Tanto Norris quanto Piastri se pronunciaram à mídia: Piastri afirmou que a decisão foi a coisa certa a se fazer e que a culpa não era de Norris. Já o britânico reforçou que tudo se tratava de um erro da equipe, e não dele, muito menos de seu companheiro.
Mesmo diante dos ataques sofridos por seus pilotos, em especial Norris, que chegou a receber mensagens de ódio e até desejos de morte em seu último post no Instagram, a McLaren mantém a narrativa de que tudo está sob controle, alegando que seus pilotos são maduros e sabem lidar com esse tipo de situação. Além disso, a equipe não se pronunciou sobre a onda de ataques online, limitando-se a bloquear usuários que criticam o erro no pit stop e pedem um posicionamento oficial.
Este incidente causado pela McLaren é apenas mais um na lista de momentos decisivos ignorados pela equipe, enquanto os pilotos seguem expostos a ataques online. Assim como em outras ocasiões, pit stops lentos, problemas de bateria nos carros e até o abandono de Norris na semana passada, que até agora não recebeu uma explicação concreta sobre a falha mecânica específica, o erro de estratégia em Monza apenas se soma à lista de deslizes sem resposta clara da equipe.