E como os filmes de terror modernos estão mudando isso
Assisti ao filme "X", e pra quem não sabe, ele é o segundo filme da franquia. O primeiro é "Pearl" e o segundo é "Maxxxine".Tanto no segundo quanto no terceiro filme, a final girl é a mesma, Maxine Minx.
Filha de um pastor e atriz pornô (mas no segundo filme ela já está fora disso), Maxine tem basicamente tudo que faria uma garota em um Slasher dos anos 70/80 NÃO sobreviver.
Existe (ou existia) um “código moral” pras Final Girls:
Essa figura surgiu como um recado velado: se você, mulher, for "errada", será punida. E nos filmes, essa punição vinha em forma de morte. Mas Maxine quebra todas as regras… e sobrevive.
Carol. J Clover escreveu um livro nos anos 90 chamado “Homens, Mulheres e serras elétricas” no qual ela faz uma análise das mulheres sobreviventes dos filmes de terror. Nele, Carol lista tudo do slide anterior. Ela nos mostra o “código moral das garotas que sobrevivem”.
Claro que nem todas as final girls seguem esse padrão, um grande exemplo é a Jess Bradford de “Noite de terror”, que está gravida no filme.
Uma detalhe é que em “Pânico” quando Stuart encurrala Sidney, ele fala “Você não é mais virgem, agora tem que morrer. Essas são as regras” - em tradução livre.
O diretor e roteirista Wes Craven fez muita piada com os clichês do terror tendo em vista que a Sidney sobreviveu aos assassinos depois de ter “sucumbido aos desejos da carne.”
Uma das minhas sobreviventes preferidas é a Ellen Ripley de “Alien, o 8° passageiro” de 1979. Entre as final girls da época, ela é a que mais se sobressai na minha opinião. No sentido de que ela se salva sozinha (e ainda salva o gato). a Ripley não fica completamente destroçada no final do filme como a Sally e apesar dos traumas que ela adquiriu, não é pra qualquer um poder dizer que matou um Alien assassino invasor de naves espaciais.
Apesar de tudo, a personagem é masculinizada para se encaixar em um espaço dominado por homens. Eu também vi que quando Alien começou a ser escrito, os personagens não tinham gênero, então eles poderiam ser interpretados por qualquer um, isso pode sim ter ajudado a personagem a ter essa personalidade.
A nova geração de Final Girls, como Maxine, prova que a mulher não precisa mais ser "pura" ou obediente pra sobreviver. Elas usam drogas, fazem sexo, têm passados cheios de falhas e ainda assim vencem.
Outro exemplo potente, mesmo sem ser uma Final Girl clássica, é a Jay, de Corrente do Mal. No filme, uma entidade mortal é passada pelo sexo, como uma IST. A protagonista precisa usar isso a seu favor pra sobreviver.
O cinema de terror é feito de fórmulas e essas fórmulas são repetidas, quebradas, reinventadas, esquecidas e reconstruídas.
Entre gritos e sobrevivências, o que a gente espera é simples: Que as mulheres tenham narrativas mais justas, complexas e reais nas telas.
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